Thiago Andrade, mestre em segurança pública, explicou que é preciso realizar prisões qualificadas, com elementos consistentes para a Justiça manter os criminosos atrás das grades. O Sindipol/ES reforça que esse é o trabalho da Polícia Civil, que possui uma defasagem no quadro operacional que supera 60% em alguns Departamentos.
O discurso de que a Polícia prende e a Justiça solta é o argumento repetido diversas vezes pela Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, para justificar uma série de ataques armados de traficantes que estão colocando comunidades inteiras na linha de tiro.
De um lado, a população pede reforço na segurança. Do outro, a Secretaria de Segurança diz que está acompanhando e prendendo traficantes perigosos ligados a organizações criminosas, mas eles acabam saindo da prisão por causa das leis brasileiras.
Em entrevista divulgada hoje na imprensa local, Thiago Andrade, mestre em segurança pública, disse que o problema não está nas leis e sim na ausência de prisões qualificadas. Para o especialista, a falta de investigações robustas que apontam a materialidade e elementos consistentes para a Justiça, colaboram para a soltura de criminosos perigosos.
Ao longo dos anos, o Sindipol alertou o Governo sobre a falta de policiais civis e reforçou que essa defasagem no quadro operacional comprometeria todo sistema de segurança do estado e, consequentemente, a segurança do cidadão capixaba.
“Temos que repor o efetivo da Polícia Civil. É preciso abrir concurso público urgente ou chamar os excedentes do último processo seletivo. A PM tem o papel do policiamento ostensivo, para evitar que os crimes aconteçam. Mas quando eles acontecem, entra e cena a Polícia Judiciária. É a Polícia Civil que investiga, prende e oferece provas concretas à justiça para manter os criminosos presos”, pontuou Aloísio Fajardo, presidente do Sindipol/ES.
PRISÕES COM INVESTIGAÇÃO E PROVAS ROBUSTAS SURTEM EFEITO
Os maiores líderes da facção criminosa responsável pelos recentes ataques em bairros de Vitória estão presos há bastante tempo. Foi depois de investigações da Polícia Civil e ações integradas com a PM que, por exemplo, o chefe do tráfico do Bairro da Penha, Carlos Alberto Furtado, conhecido como nego Beto, foi preso em 2015. Beto foi condenado há 54 anos e 8 meses de prisão e continua cumprindo pena em regime fechado.
“São exemplos que reforçam a necessidade de se contratar mais policiais civis. A população capixaba aumentou consideravelmente nos últimos anos e a Polícia Civil tem um efetivo menor do que o da década de 90. O número de policiais civis não acompanhou o crescimento populacional. Hoje vivemos uma guerra contra o tráfico de drogas e precisamos realizar prisões qualificadas para manter esses criminosos atrás das grades”, finalizou o presidente do Sindipol/ES.
FORÇA, UNIÃO E LUTA